“La sieste”(Victor Hugo)
Victor-Marie Hugo (1802 – 1885) foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista dos direitos humanos francês de grande atuação política em nosso país.
É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial.
Hoje vamos estudar um poema dele muito bonito chamado “A soneca”. Dessa forma você aprende francês com grandes nomes de nossa literatura.
Elle fait au milieu du jour son petit somme;
Car l’enfant a besoin du rêve plus que l’homme,
Cette terre est si laide alors qu’on vient du ciel !
L’enfant cherche à revoir Chérubin, Ariel,
Ses camarades, Puck, Titania, les fées,
Et ses mains quand il dort sont par Dieu réchauffées.
Ela faz no meio do dia sua pequena soneca;
Pois a criança precisa do sonho mais do que o homem,
Essa terra é tão feia quando a gente vem do céu!
A criança procura rever Querubim, Ariel,
Seus colegas, Puck, Titânia, as fadas,
E suas mãos quando ela dorme são por Deus esquentadas.
Oh ! comme nous serions surpris si nous voyions,
Au fond de ce sommeil sacré, plein de rayons,
Ces paradis ouverts dans l’ombre, et ces passages
D’étoiles qui font signe aux enfants d’être sages,
Ces apparitions, ces éblouissements !
Ah! como ficaríamos surpresos se víssemos,
No fundo desse sono sagrado, cheio de raios,
Esses paraísos abertos na sombra, e essas passagens
De estrelas que avisam as crianças para ficarem quietas,
Essas aparições, esses deslumbramentos!
Donc, à l’heure où les feux du soleil sont calmants,
Quand toute la nature écoute et se recueille,
Vers midi, quand les nids se taisent, quand la feuille
La plus tremblante oublie un instant de frémir,
Jeanne a cette habitude aimable de dormir;
Et la mère un moment respire et se repose,
Car on se lasse, même à servir une rose.
Portanto, na hora em que os fogos do sol estão calmantes
Quando a natureza toda escuta e se recolhe,
Perto do meio dia, quando os ninhos se calam, quando a folha
Mais tremula esquece um instante de tremer,
Joana tem esse costume amável de dormir;
E a mãe por um momento respira e descansa,
Pois a gente se cansa, mesmo de servir uma rosa.
Ses beaux petits pieds nus dont le pas est peu sûr
Dorment; et son berceau, qu’entoure un vague azur
Ainsi qu’une auréole entoure une immortelle,
Semble un nuage fait avec de la dentelle;
On croit, en la voyant dans ce frais berceau-là,
Voir une lueur rose au fond d’un falbala;
On la contemple, on rit, on sent fuir la tristesse,
Et c’est un astre, ayant de plus la petitesse;
L’ombre, amoureuse d’elle, a l’air de l’adorer;
Le vent retient son souffle et n’ose respirer.
Seus lindos pezinhos nus cujo passo é pouco seguro
Dormem; e seu berço, envolto num vago azul
Assim como uma aureola envolve uma imortal,
Parece uma nuvem feita de renda;
Pensa-se, vendo-a nesse berço fresco,
Ver uma luz rosa no fundo de um cesto;
A gente a contempla, ri, sente fugir a tristeza,
E é um astro, tendo a mais a pequenez;
A sombra, enamorada por ela, parece adorá-la;
O vento retém seu sopro e não ousa respirar.
Soudain, dans l’humble et chaste alcôve maternelle,
Versant tout le matin qu’elle a dans sa prunelle,
Elle ouvre la paupière, étend un bras charmant,
Agite un pied, puis l’autre, et, si divinement
Que des fronts dans l’azur se penchent pour l’entendre.
Elle gazouille … – Alors, de sa voix la plus tendre,
Couvant des yeux l’enfant que Dieu fait rayonner,
Cherchant le plus doux nom qu’elle puisse donner
À sa joie, à son ange en fleur, à sa chimère:
– Te voilà réveillée, horreur! lui dit sa mère.
De repente, na humilde e casta alcova materna,
Derramando toda a manhã que ela tem na menina de seus olhos,
Abre a pálpebra, estica um braço charmoso,
Agita um pé, depois o outro, e tão divinamente
Que frontes no azul se inclinam para ouví-la.
Ela chilreia … – Então, com sua voz mais carinhosa
Olhando a criança que Deus faz brilhar,
Procurando o nome mais doce que ela possa dar
A sua alegria, a seu anjo em flor, a sua quimera:
– Já está acordada, horror! lhe diz sua mãe.