Qu’ai-je donc fait? (Jean d’Ormesson)

Jean d’Ormesson nasceu (1925) e faleceu (2017) em Paris. Como filho de diplomata, viveu anos de sua infância no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, e levou seu amor ao País e aos brasileiros por toda a vida. Grande homem de letras, Jean d’Ormesson fazia parte da Academia Francesa de Letras e era um dos escritores mais lidos na França.

Hoje estudaremos um texto dele entitulado “O que fiz afinal” onde fala ao mundo antes de partir. Muito bem escrito, esse texto prima pela simplicidade, adequada a você que está aprendendo o francês.

Audio do texto para download

Qu’ai-je donc fait ? J’ai aimé l’eau, la lumière, le soleil, les matins d’été, les ports, la douceur du soir dans les collines et une foule de détails sans le moindre intérêt comme cet olivier très rond dont je me souviens encore dans la baie de Fethiye ou un escalier bleu et blanc flanqué de deux fontaines dans un village des Pouilles dont j’ai oublié le nom.

O que fiz afinal? Amei a água, a luz, o sol, as manhãs de verão, os portos, a doçura do anoitecer nas colinas e uma multidão de detalhes sem o menor interesse como essa oliveira muito redonda de que me lembro ainda, na baia de Fethiye, ou uma escadaria azul e branca ladeada de duas fontes em um vilarejo de Puglia* do qual esqueci o nome.

*região do sul da Italia

Je ne regrette ni d’être venu ni de devoir repartir vers quelque chose d’inconnu dont personne, grâce à Dieu, n’a jamais pu rien savoir. J’ai trouvé la vie très belle et assez longue à mon goût. J’ai eu de la chance. Merci. J’ai commis des fautes et des erreurs. Pardon. Pensez à moi de temps en temps. Saluez le monde pour moi quand je ne serai plus là. C’est une drôle de machine à faire verser des larmes de sang et à rendre fou de bonheur.

Não me arrependo nem de ter vindo nem de ter que partir em direção a algo desconhecido de que ninguém, graças a Deus, conseguiu saber algo. Achei a vida linda e bastante longa a meu gosto. Tive sorte. Obrigado. Cometi faltas e erros. Perdão. Pensem em mim de vez em quando. Saúdem o mundo por mim quando não estarei mais aqui. É uma máquina estranha de fazer verter lágrimas de sangue e de enlouquecer de felicidade.

Je me retourne encore une fois sur ce temps perdu et gagné et je me dis – je me trompe peut-être – qu’il m’a donné, comme ça, pour rien, avec beaucoup de grâce et de bonne volonté, ce qu’il y a eu de meilleur de toute éternité : la vie d’un homme parmi les autres.

Eu me viro mais uma vez para esse tempo perdido e ganho e digo a mim mesmo – talvez esteja errado – que ele me deu, assim, por nada, com muita graça e boa vontade, o que houve de melhor em toda eternidade: a vida de um homem dentre os outros.

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Catherine Henry é francesa de nascimento e de cultura. Ela é professora colaboradora do Método Francês Fluente. Além de dar assistência ao Professor Jérôme Guinet, Catherine escreve os conteúdos do site procurando trazer assuntos variados e interessantes que podem servir de complemento para quem está estudando francês.

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