Un coeur simple (Gustave Flaubert)

Gustave Flaubert (1821-1880) foi um escritor francês, autor de Madame Bovary entre outras importantes obras do Realismo francês.

Três contos é o título de um livro de três novelas publicadas em episódios em jornais e na íntegra em 1877. Essa obra de Flaubert levou quase 30 anos para ser escrita e é seu último romance terminado, antes de sua morte, três anos depois da publicação.

Destacamos seis pequenos trechos de uma das novelas deste livro, “Un cœur simple” (“Um coração simples”), que é a história de uma criada bondosa e ingênua, Félicité, inspirada em Julie, empregada que serviu Flaubert e sua família até morrer.

Vamos aprender mais francês com um dos maiores escritores de nossa literatura.

PS. Nossos agradecimentos à aluna Daniela Carvalho Outi pela escolha e envio do texto em francês.

Audio completo
Audio trecho 1
Audio trecho 2
Audio trecho 3
Audio trecho 4
Audio trecho 5
Audio trecho 6

Il s’appelait Loulou. Son corps était vert, le bout de ses ailes rose, son front bleu, et sa gorge dorée.
Mais il avait la fatigante manie de mordre son bâton, s’arrachait les plumes, éparpillait ses ordures, répandait l’eau de sa baignoire; Mme. Aubain, qu’il ennuyait, le donna pour toujours à Félicité.
Elle entreprit de l’instruire, bientôt il répéta: “Charmant garçon! Serviteur, monsieur! Je vous salue, Marie!.”
(…)

Ele se chamava Loulou. Seu corpo era verde, a ponta de suas asas rosa, sua testa azul, e sua garganta dourada.
Mas ele tinha a cansativa mania de morder seu bastão, arrancava suas plumas, espalhava seu lixo, espalhava a água de sua banheira; Mme.Aubain, que ele perturbava, o deu para sempre para a Félicité.
Ela empreendeu de instruí-lo, logo ele repetiu: “Moço charmoso! Servidor, Senhor! Eu vos saúdo, Maria!”
(…)

Enfin, il se perdit.
Elle l’avait posé sur l’herbe pour le rafraîchir, s’absenta une minute; et, quand elle revint, plus de perroquet!
D’abord elle le chercha dans les buissons, au bord de l’eau e sur les toits, sans écouter sa maîtresse qui lui criait:
“Prenez donc garde! Vous êtes folle.”
Ensuite elle inspecta tous les jardins de Pont-l’Évêque et elle arrêtait les passants:
“Vous n’auriez pas vu, quelquefois, par hasard, mon perroquet?”.
(…)

Enfim, ele se perdeu.
Ela o tinha pousado na grama para refresca-lo, ausentou-se um minuto; e quando voltou, não havia mais papagaio!
Primeiro, ela o procurou nas moitas, a beira da água e sobre os telhados, sem ouvir sua patroa que lhe gritava:
“Tenha cuidado! Você está louca“.
Em seguida ela inspecionou todos os jardins de Pont-l’Évêque e ela parava os pedestres:
“Vocês, talvez, por acaso não teriam visto meu papagaio?
(…)

Enfin, elle rentra, épuisée, les savates en lambeaux, la mort dans l’âme; et, assise au milieu du banc, près de Madame, elle racontait toutes ses démarches, quand un poids léger lui tomba sur l’épaule:
Loulou! Que diable avait- il fait?
(…)

Finalmente, voltou para casa, exausta, os calçados em frangalhos, a morte na alma; e sentada no meio do banco, perto de Madame, ela contava todas suas iniciativas, quando um peso leve caiu-lhe sobre o ombro:
Loulou! Que diabo tinha feito?
(…)

Elle eut du mal à s’en remettre, ou plutôt ne s’en remit jamais.
Par suite d’un refroidissement, il lui vint une angine; peu de temps après, un mal d’oreilles. Trois ans plus tard, elle était sourde.
(…)

Foi difícil para ela recuperar-se, ou melhor, ela nunca se recuperou.
Por causa de um resfriado, ela pegou uma angina; pouco tempo depois, uma dor de ouvido. Três anos mais tarde, ela estava surda.
(…)

Souvent sa maîtresse lui disait: “Mon Dieu! Comme vous êtes bête!, elle répliquait: “Oui, Madame!”, en cherchant quelque chose autour d’elle.
(…)

Com freqüência sua patroa lhe dizia: “Meu Deus! Como você é boba! Ela replicava: “Sim Senhora!”, procurando algo a sua volta.
(…)

Un seul bruit arrivait maintenant à ses oreilles, la voix du perroquet.
Comme pour la distraire, il reproduisait le tictac du tournebroche, l’appel aigu d’un vendeur de poisson, la scie du menuisier qui logeait en face; et, aux coups de la sonette, imitait Mme. Aubain: “Félicité! La porte! La porte!”.
Ils avaient des dialogues, lui, débitant à satiété les trois phrases de son répertoire, et elle, y répondant par des mots sans plus de suite, mais où son coeur s’épanchait.
Loulou, dans son isolement, était presque un fils, un amoureux.

Um só barulho chegava agora a seus ouvidos, a voz do papagaio.
Como que para distraí-la, ele reproduzia o tic tac do espeto da churrasqueira, o chamado agudo do vendedor de peixe, a serra do carpinteiro que morava em frente; e aos toques da campainha, imitava Mme. Aubain: “Félicité! A porta! A porta!
Eles tinham dialogos, ele, repetindo até a saciedade as três frases de seu repertório, e ela, respondendo com palavras desconexas, mas onde seu coração desabafava.
Loulou, em seu isolamento, era quase um filho, um namorado.

Cadastre-se para receber o Resumão de Francês com novos conteúdos como este todas as semanas

Alternative Text
Catherine Henry é francesa de nascimento e de cultura. Ela é professora colaboradora do Método Francês Fluente. Além de dar assistência ao Professor Jérôme Guinet, Catherine escreve os conteúdos do site procurando trazer assuntos variados e interessantes que podem servir de complemento para quem está estudando francês.

FALE CONOSCO

Envie uma mensagem agora:

SIGA-NOS NAS REDES SOCIAIS

CADASTRE-SE NO CURSO GRATUITO

Ao se cadastrar você receberá inteiramente grátis o nosso curso de francês por e-mail. Comece agora mesmo a estudar francês de verdade!
>